O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Ari Pargendler,
entregou na tarde desta quarta-feira (14) ao ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, a proposta de emenda constitucional (PEC) que institui a
repercussão geral no STJ. O texto deverá ser encaminhado ao Congresso
Nacional pelo Poder Executivo. “A aprovação no Congresso com o apoio do
Executivo é mais fácil”, acredita Pargendler.
O ministro da
Justiça apoia o projeto, segundo informou o ministro Ari Pargendler. “Já
havíamos conversado antes com o ministro José Eduardo Cardozo e a
recepção dele foi a melhor possível. Ele vai se empenhar no sentido de
que o governo encampe essa ideia e proponha ele mesmo esse projeto de
reforma”, disse o magistrado após o encontro no Ministério da Justiça.
Pargendler
reafirmou a necessidade da repercussão geral, uma vez que o STJ examina
hoje questões de baixa relevância jurídica, como aplicação de multas de
trânsito, por exemplo. “Um tribunal nacional, criado para uniformização
do direito federal, não pode se ocupar dessas matérias”, ponderou o
ministro.
Não houve fixação de prazo para encaminhamento da PEC,
mas o presidente do STJ tem a expectativa de que isso seja feito o mais
rápido possível, pois até que a repercussão geral seja instituída, será
necessário um longo processo. Após a aprovação da proposta, será
necessária a elaboração e aprovação de lei regulamentando seu
funcionamento.
Resistência
Quanto à
contrariedade da Ordem dos Advogados do Brasil à proposta, Ari
Pargendler afirmou que sempre há resistência a novas ideias. “Essa
resistência também aconteceu quando o Supremo Tribunal Federal adotou o
regime da repercussão geral. Hoje essa resistência se exauriu em função
dos bons resultados que esse novo instituto teve no âmbito do STF”,
avaliou o ministro.
Na advocacia, há quem considere o recurso
repetitivo uma ferramenta suficiente para filtrar a entrada de
processos. Mas o presidente do STJ entende que não. “O recurso
repetitivo foi um grande avanço porque ele impede o acesso ao tribunal
de questões que já foram resolvidas antes. Mas ele não inibe que cheguem
ao tribunal recursos em relação a causas que realmente podem ser
decididas no âmbito dos tribunais locais”, comentou.
Pargendler
tenta tranquilizar aqueles que acreditam que será fechada uma porta aos
jurisdicionados. “A proposta vai ser detalhada mais tarde em lei, e com
certeza o legislador terá todo o cuidado de evitar qualquer óbice ao
acesso à jurisdição. Agora, é muito importante que o STJ dedique o seu
trabalho às causas realmente relevantes e que tenham uma repercussão
geral”, explicou o ministro.
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